quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Resposta do Sheik a um estudante que perguntava sobre a iniciação sufi (bayat)


Salam alaikum J… –

O bayat (cerimônia de iniciação) é, na verdade, só uma formalidade. A conexão entre o mestre e o estudante é criada por eles mesmos. Se o mestre ou o/a estudante esquece um ao outro, ou se não sentem a conexão, o amor, o bayat não significa nada. Por outro lado pode existir uma sensação de conexão, quer seja amor, inclusive sem o bayat, e é real.

Na verdade, muitos dos meus “estudantes”, pessoas que leem os meus textos e fazem perguntas, “pertencem” a outras tariqas.

Lembre-se da diferença entre a religião formal e o Sufismo – a religião formal consiste em regras e rituais, hábitos que as pessoas praticam sem pensar muito, enquanto que no Sufismo, assim como nas sendas iguais [a ele] do passado, as sendas são (ou devem ser) para pessoas que querem uma experiência pessoal com Deus, um caminho “feito à medida”. Infelizmente, hoje em dia, vemos que muitas tariqas já são mais ou menos como as religiões formais, aparências e hábitos.

O amor é uma frequência divina, é a frequência que cria uma conexão entre uma pessoa e Deus, assim como entre duas pessoas. O que chamamos rabita, que traduzimos como conexão, é na verdade a sintonização com a frequência divina de amor dirigida à uma pessoa específica ou mesmo a Allah.

O sheik, mestre, sente amor por seus estudantes. Bem, por todo mundo, mas quando o estudante retorna o amor, isso produz um laço, o estudante entra no campo energético do mestre e isso torna o caminho do estudante mais suave e fluido.

Então, o caminho sufi consiste em rabita – amor, sintonização com a frequência divina; trabalho – uma meditação de dhikr diária, mais outras práticas; e uma batalha constante contra o nafs/ego.

O verdadeiro Sufismo é interno. É uma senda difícil porque tratamos de não nos apegarmos a imagens ou aparências externas. As pessoas têm suas imagens religiosas (ou assim crê) porque é mais fácil fazer culto a tais coisas do que a algo que não possamos ver. Mas essas coisas são materiais e o adorar ou concentrar-se em coisas materiais causa uma rigidez tanto física quanto espiritual na pessoa que a torna “impenetrável” energeticamente, o que quer dizer, que põe uma barreira entre ele ou ela e a frequência divina.

Tudo é energia. A solidez do mundo e de nós mesmos é uma ilusão, mas a mente pode densificar tudo fazendo separações onde na realidade não existem; todos nós estamos unidos, conectados, mas para experimentar isso a pessoa tem que trabalhar.

Não se preocupe, existe uma conexão, estou com você. Se você quiser fazer o bayat comigo, não tem problema, mas lembre-se que é só uma formalidade. O verdadeiro bayat é interior. Só por expressar o desejo de continuar comigo é suficiente. Se você também quer uma designação de dhikr, avise-me.

Salam e wadud,

Sheij Mohammad Abdullah

2 comentários:

  1. Nunca havia ouvido falar sobre isso e nem mesmo conhecia essa palavra. Recentemente sonhei com a palavra bayat. E ao pesquisar, me deparei com seu artigo. Hoje sonhei com a palavra Hidor e descobri que faz parte de uma família espalhada pelo mundo. O que estes sonhos querem me dizer. Há a2 anos iniciei um processo de despertar desconexão com a matéria e buscando entender a comunicação energética. Sou de Brasília, capital do Brasil.

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