Por Mestre Mohammad
Abdullah Ansari
Há algum tempo contei para uma estudante de yoga, uma
doutora, que no Tibete às pessoas pagavam os médicos enquanto estivessem sãs e
deixavam de pagá-los se ficassem doentes. Ela respondeu que isso não
funcionaria aqui.
Isso me fez pensar. Hoje em dia seria impossível que uma
comunidade entrasse de acordo para fazer algo assim como a comunidade tibetana
do passado. Por quê? Naqueles dias todas as pessoas da sociedade compartilhavam
ideias iguais, todos acreditavam nas mesmas coisas e eram unidos. Todos sabiam
seu lugar na sociedade e ninguém se rebelava, todos faziam sua parte. Podemos
ver o mesmo em tribos “primitivas” e também nos tempos em que um profeta viveu
com seus seguidores. Tão logo o profeta morria pouco a pouco a religião que
Deus lhe revelou começava a ser distorcida e as pessoas voltavam para seus antigos
hábitos.
Hoje em dia vemos que em qualquer país existe uma grande
dispersão de ideias e maneiras de viver; não há concordância geral e por isso
existe muito conflito.
É comum que pessoas “religiosas”
se identifiquem com outras pessoas da mesma religião. Acreditam que sua
religião é a melhor e que outras pessoas de sua religião são melhores e
rejeitam as pessoas de outras religiões. Contudo, você compartilha as mesmas
ideias e interpreta a sua religião da mesma forma que as outras pessoas da sua
religião? Nos EUA onde a maioria das pessoas é cristã protestante deve haver
centenas de igrejas cristãs de diferentes seitas com ideias um tanto diferentes
das outras igrejas cristãs protestantes. Na América Latina onde a maioria das
pessoas é católica, cada pessoa tem sua própria forma de ser católica, segue
algumas leis da Igreja e ignora outras. Não há consenso.
No mundo atual há grupos que se rotulam muçulmanos e que
matam em nome de Deus e inventam pretextos “islâmicos” para cometer atrocidades
contra todo mundo. Até há países que adotaram a lei islâmica (xaria), mas suas
interpretações acabam sendo não-islâmicas e podemos dizer o mesmo sobre o
hinduísmo.
A verdadeira realidade é que você pode ter mais em comum com
uma pessoa de outra religião do que com alguém que professa a mesma fé que
você. Cada vez que você rotula algo, esse algo se limita, é distorcido e o
pior, a pessoa que rotula outra ou a religião dela limita o seu próprio
entendimento e até encolhe seu cérebro.
Em nome da religião vimos atrocidades ao longo da história,
a inquisição, a Segunda Guerra Mundial e extermínio de judeus; Israel contra
palestinos, os talibãs no Afeganistão, os fanáticos “islâmicos” no Iraque e na
Síria nos dias atuais, e muitíssimas outras mais desde o princípio dos tempos.
Deus revelou a ciência de como
são as coisas e como podemos nos harmonizar com Ele, mas a fórmula Dele para
fazer isso não se encontra na maneira em que as religiões de hoje em dia são
entendidas e praticadas. Todas as religiões pregam o não julgar, é hora de
colocar isso em prática, além de desfazermos de rótulos e preconceitos. É hora
de usar o cérebro. Um muçulmano é alguém que se submete a Deus – não conheço
ninguém que realmente esteja submetido a Deus, então não há muçulmanos de
verdade. Existem católicos de verdade? Duvido! Tampouco existem judeus de
verdade e nem budistas.
Todavia, há pessoas lutando para
serem muçulmanos, cristãos, católicos, judeus, budistas e etc. Seguimos com
eles sem importar os rótulos. Vamos buscar a conexão com o Todo-poderoso sem
importar o nome que usamos por Ele ou por nós mesmos.
A forma de amar a Deus é através
do amor por Sua criação – ama ao teu próximo.
Parabéns para sua publicação. Irretocável.
ResponderExcluir