quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Entender a realidade quântica nos liberta


Por Sheik Mohammad Abdullah Ansari

Em muitos escritos falei de um princípio importante para alcançar o conhecimento verdadeiro de quem somos e para reconhecer e conhecer as partes de nós que não somos nós. Para ficar mais fácil, não somos o corpo, o cérebro, assim como não somos o ego, a personalidade falsa criada pelo nafs que nos engana e nos deixa na ignorância. Sendo que já escrevi isso muitas vezes, não vou falar mais sobre isso diretamente, mas há outros aspectos importantes desse tema.

Se não somos o corpo, tampouco somos as demais [partes]. As ramificações disto são enormes. Olhe para as pessoas, um infinito de formas e cores com um infinito de personalidades e maneiras de ser. Uma estudante me perguntou uma vez por que Deus, se Ele é perfeito, não criou nossos corpos perfeitos. Parece que o corpo humano está, na maioria de nós, deforme, ninguém parece perfeito, muito menos. Outra vez vemos o mau conceito da realidade deste lugar, nossa situação, a vida terrena. Como tenho dito uma e outra vez, este mundo não é a meta e como disse o Profeta (a paz esteja com ele) “Estamos aqui como passageiros, só de passagem”. A condição e a forma dos corpos são o resultado de muitas coisas. Uma é a história do próprio corpo, isto é, o que herdamos dos ancestrais do corpo que habitamos atualmente, todo o bom e/ou mau deles deixou impressões no DNA que afetam tanto a forma do corpo e características mentais e emocionais.  Também o corpo, bem como a situação geral em que nascemos e vivemos são projetados como parte de nosso desenvolvimento, cada um segundo a necessidade própria de sua alma. Dessa forma podemos dizer que todos temos corpos perfeitos, perfeitos para nós nessa etapa de nosso desenvolvimento espiritual. Nosso trabalho é lutar contra o mau, as inclinações negativas que herdamos e os obstáculos ambientais, as influências negativas alheias, tirando todo o “não Deus” que bloqueia a conexão divina enterrada profundamente em todos nós.

Desta forma, quando vemos uma pessoa, quer seja boa, má, ou uma mistura dos dois com uma grande variedade de características que nos agradam e não nos agradam, devemos recordar que isso não é a pessoa, que dentro dessa pessoa há uma alma lutando contra os mesmos obstáculos que nós.

Esse corpo tampouco é o que parece. Estamos presos em um marco ou referência de tempo que nos faz ver tudo sólido e separado. A realidade é outra. A solidez e a separação de tudo é uma ilusão, e isso é especialmente importante quando se trata de nossas relações e pensamentos de outras pessoas, o próximo. Todos estamos conectados e relacionados. Todos estamos no mesmo lugar, no mesmo caminho a Deus, se bem que em diferentes etapas da viagem. Com o trabalho espiritual chegará um momento em que os sentidos internos se abrirão e ao invés de ver toda essa solidez e separação, se verá tudo como energia, bytes de energia/informação movendo-se e encolhendo-se, e dentro de tudo estão/são as almas confundidas para encontrar seu lugar.

Todos temos guia divina, mas com diferentes graus de conexão. O cérebro é o tradutor da guia que chega do coração, mas a informação corre através de um canal que está entupido com lixo que se origina do nafs, o ego, desejos, medos e fantasias.

Um dos obstáculos de ver a realidade de nossa situação, a natureza real e amorfa da vida terrena, é atuar contra dessa mesma realidade. Conhecer internamente, ou seja, experimentar de acordo com a Verdade, inclusive antes de senti-la internamente.

Nunca devemos pensar que somos melhores do que qualquer outra pessoa. Devemos tentar ver a todos como almas flutuando dentro de um corpo alheio, uma situação temporal como a nossa. De fato, a alma dela é parte de uma alma universal assim como a nossa.

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