Por Sheik Mohammad Abdullah Ansari
O xamã don Juan Matus dos livros de Carlos Castaneda disse
que devemos apagar a nossa história pessoal. Ele tem bons motivos para dizer
isso e concordo, mas mais que isso, me fez pensar, ou melhor, me ajudou a
esclarecer um tema que quero tratar faz tempo. Disse “tempo”? Exatamente, o
tempo – o grande enigma; ou, talvez você não chegou a pensar no tempo desta
maneira, um mistério. Você já se perguntou o que é o tempo?
O mundo e o universo são como um holograma assim como também
nós somos. Tudo existe devido a pulsações de energia que se originam da Fonte
Energética chamada Allah, ou Deus (Deus, Yahveh, Brahma, etc.). Essas pulsações
são constantes e dão vida a tudo, se Deus deixasse de enviar essas pulsações
tudo desapareceria imediatamente. Desligados também nós desapareceríamos.
Acreditamos que o tempo flui como um rio, mas não é assim, o
tempo é uma série de “agoras”, um agora após outro agora, como folhas ou páginas
de um livro. Cada momento é outra coisa, não exatamente uma continuação do
momento anterior. Vemos uma foto nossa de dez, vinte, trinta, ou no meu caso
cinquenta anos, ou mais, atrás; somos essa pessoa? O passado é o passado? Nem
as células do corpo são iguais de um momento para outro, o corpo está mudando
continuamente, nem uma célula do corpo fica igual. Então, fisicamente a pessoa
da foto não é quem somos. E os pensamentos, atitudes e ideais daquele tempo,
são iguais como as deste momento? A única coisa que fica igual de um tempo para
outro é o corpo sutil, energético, a alma que se move como vapor de um corpo
para outro, de um momento para outro. A única realidade é o corpo sutil. Até
que estejamos conscientes desse corpo, a alma, não somos realmente reais. Nada
realmente é real, apenas semirreal. Este mundo material não é real, mas é
sumamente importante, este lugar ou estado de energia densa que conhecemos como
a vida material terrestre é como uma ponte obrigatória que temos que cruzar
para chegar, depois de uma viagem labirinto, ao cumprimento do desenvolvimento
da alma e a unidade com a energia divina.
Voltemos ao nosso tema, de apagar nossa história pessoal.
Uma das coisas que impede nosso avanço espiritual é o “puxão” do passado. Todas
as coisas que essa pessoa que “éramos”, a pessoa dos corpos anteriores, a
pessoa que cremos que era nós mesmos, suas ideais, ações, façanhas, amigos,
filhos, esposos/as, pecados, boas obras, tudo são como laços fixos, presos a
todas essas semirrealidades da outra pessoa através da qual nossa alma entrou e
saiu. Até que cortemos esses laços, continuaremos estancados, paralisados e
passando por corpos cada vez mais sólidos e sujeitos a todos os efeitos da vida
material assim como do ego, a personalidade falsa, que nos têm como
prisioneiros em uma fantasia.
Só há uma saída, fazer uma conexão com Deus por meio do
dhikr, da meditação, de conduta reta e da consciência (auto-observação). Temos
que adquirir consciência da mente, intenção desperta, tomar decisões com a
mente, com a consciência do coração. Continuaremos, inshallah.
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