Por Sheik Mohammad Abdullah Ansari
O Islã proíbe fazer imagens do Profeta Muhammad para que
ninguém o adore no lugar de Deus ou o faça um deus. Nas sinagogas e nas casas
dos judeus não é encontrada nenhuma imagem religiosa, diferente dos hindus que
têm um monte de imagens de deuses e santos. Os cristãos também têm pinturas e
estátuas de Cristo e os católicos usam as imagens extensivamente.
“Não terás outros
deuses diante de mim. Não farás imagem nem semelhança alguma do que estiver
acima no céu, nem na terra. Não te inclinarás ante elas e nem lhes renderás
culto; porque Eu Sou YHWH יהוה teu
Deus...” (Deuteronômio 5)
Muitos budistas também se inclinam diante de estátuas de
Buda e em algumas seitas do Budismo as imagens de deuses, espíritos, e etc.,
abundam.
Recentemente estive vendo um vídeo sobre o Budismo japonês,
o Zen, que é a versão japonesa do Budismo Chan da China. O interlocutor estava
entrevistando um monge em seu templo e notou que não havia nenhuma estátua ou
imagem do Buda lá, diferentemente do que é comum nos templos budistas e
perguntou ao monge por que. O monge respondeu:
“As pessoas que não entendem Buda precisam de Buda, enquanto
que aqueles que entendem não necessitam de Buda”.
Por “Buda” quer dizer estátuas do Buda, assim como um objeto
ao qual se dirige ou foca adoração ou culto. A palavra buda significa iluminado
e mesmo sendo o Buda original um indiano chamado Siddhārtha Gautama Shakyamuni,
através dos séculos houve muitos budistas que conseguiram a iluminação e eles
também são chamados de budas. Mas a palavra também se refere a um estado de ser
chamado “natureza buda” similar aos cristãos protestantes que falam do “cristo
interno”.
Disse em outras ocasiões que o conceito que temos de Deus é
muito importante e determina a classe de entendimento possível. Se pensarmos em
Deus em termos materiais, como uma pessoa quer seja ali em cima ou encarnada,
estamos limitando a amplitude de nosso entendimento e nossas possibilidades.
Nossas possibilidades espirituais estão conectadas com o conceito que temos de
Deus. Lembre-se que a solidez de nosso corpo, assim como do mundo, é uma
ilusão. O cérebro, como tudo material, é maleável, se expande e se contrai
segundo nossa intenção ou foco, isto é, decisões nossas (como temos falado
extensivamente em outras ocasiões, não podemos tomar decisões reais se nos
identificamos com o cérebro – não somos o cérebro). Se focarmos nossa atenção e
“amor” em uma estátua ou imagem de qualquer forma, o cérebro se contrai, encolhe-se,
sua amplitude de entendimento se estanca no material e não há forma de ver a
Realidade ilimitada, um universo além do universo material.
Agora, isso não significa que devemos julgar, ou ainda pior,
ter ações violentas contra as pessoas que estão cometendo o erro de adorar “ídolos”,
imagens religiosas. Mesmo que suas ações os estejam limitando, suas intenções
são boas. Eles amam, de sua forma, a Deus mesmo que os benefícios sejam
limitados. Tudo é ciência. Tudo é energia, vibrações. Adoração dessa forma não
produz a conexão vibratória necessária para o crescimento da alma, entretanto,
é um passo em direção do caminho reto – não julguem.
Não se esqueça do quão difícil é dirigir a atenção ao “nada”,
de pensar no Deus invisível. Todos experimentamos a atração das imagens
religiosas, temos que ser honestos, também caímos nesse erro e continuamos
cometendo-o. Por isso tenho exigido prestar atenção ao corpo. As imagens
religiosas produzem uma sensação emocional que é diferente da sensação do amor
real e da conexão divina. Vocês têm que experimentar a diferença.
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