Por Mestre Mohammad Abdullah
“O coração do homem é um instrumento musical, contém uma
música grandiosa. Adormecida, mas está ali esperando o momento apropriado para
ser interpretada, expressada, cantada, dançada. E é através do amor que o
momento chega.”
Yalaluddin Rumi (1207-1273)
Quando dizemos “coração” nos
referimos a um aspecto ou parte da alma, o ser real mais profundo do ser
humano. O coração é a conexão com o Divino. É através do coração que Deus nos
guia. O coração é também o mais distante do ser humano, “esperando o momento apropriado
para ser interpretado...”, o coração real está oculto pelo ego, a imagem de
ser, nossas ideias de quem somos, ideias equivocadas. Nós pessoas na busca de
Deus, ou melhor, da conexão com Deus, estamos continuamente lutando contra o
ego, o egoísmo e os impulsos negativos, mas também há práticas que realizamos para
fazer que essa conexão também funcione para queimar o ego e a negatividade.
Yalaluddin Rumi fala do amor. O que é o amor? Não são as
emoções sentimentais que comumente são confundidas com o amor e não são os
impulsos hormonais que conduzem a grandes problemas na sociedade humana. O amor
é uma frequência divina através da qual Deus nos guia. O amor é a ausência do
egoísmo – mais ego, menos amor; menos ego, mais amor, mais conexão com a frequência
divina e o amor de Deus.
Tudo é energia. Aqui no mundo material, o que parece sólido
na verdade não é, é energia em sua forma mais densa que parece sólido por
nossos sentidos físicos, todavia tudo está composto de vibrações em movimentos
contínuos. Devido a muitos fatores internos e externos, do presente e do
passado, as vibrações no ser humano estão desequilibradas, o corpo é um
emaranhado de vibrações, um caos de energia. Mas o corpo também é um condutor
de energia, o que pode ser bom ou mau, dependendo das influências vibratórias
externas com que nos conectamos (que permitimos nos influenciar).
As práticas que os buscadores da verdade usam desde os
princípios dos tempos sempre foram de natureza vibratória – a palavra em formas
de dhikr (nomes de Deus, mantra), o canto, bem como a música sagrada. A música
e a voz muitas vezes em conjunto com o movimento físico, a dança sagrada, o
yoga e outras formas de “exercício” físico se encontram em todas as partes do
mundo. A música do coração e o movimento consciente trabalham para equilibrar
as forças, as energias, dentro do corpo, assim como sintonizá-las com
frequências positivas externas. Como um corpo são [saudável] combate a
enfermidade quando as energias internas estão equilibradas, o corpo energético
rejeita influências negativas e luta naturalmente contra o ego tornando nosso
trabalho espiritual mais fácil.
O coração espiritual a que os místicos se referem não é
simbólico, é uma realidade tangível, e, tampouco é totalmente distinto do
coração físico. O coração físico reflete, de algumas formas, a condição
espiritual do coração espiritual, ou seja, refletem-se mutuamente.
É óbvio que o corpo é afetado por sons (vibrações). Com a
música o corpo se move, certos sons nos irritam e outros nos tranquilizam. O
corpo físico e o corpo energético também se refletem mutualmente, dessa forma a
música, a voz e o movimento físico corretamente praticado nos beneficiam tanto
física como espiritualmente.
O coração é um instrumento musical, seu ritmo reflete nosso
estado espiritual, é um instrumento do amor. Cuidar de sua saúde é um trabalho
espiritual, um passo à conexão com Deus.
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