Por Sheik Mohammad Abdullah
Ansari
O emocionalismo é a antítese do espiritualismo. A imagem
popular do santo estoico que não se perturba com nada, que parece sem emoções, não
está muito longe do alvo. Lembre-se que não devemos confundir o amor real e
suas ramificações (compaixão, tristeza com a condição dos outros, e etc.) com
as emoções; o amor não é uma emoção – o amor falso sim o é – o amor mais comum
está baseado em interesse pessoal, sexo, medo ou conveniência. Para aqueles que
alcançaram um grau de paz emocional, resta a pergunta: “estou mal, é bom não
ter muita emoção ou é apatia?”.
Para respondermos a pergunta só temos que abrir os olhos e
observar as vidas das pessoas emotivas, que são levadas pelas circunstâncias de
cima para baixo como uma montanha russa emocional. Queremos uma vida
telenovelesca? Acho que não! Uma pessoa emotiva não consegue pensar. O que é
melhor, pensar ou não pensar? Todavia, lutamos com a pergunta: eu sou o louco?
Só com mais práticas espirituais chegaremos à resposta, inshallah (se Deus
quiser) – um foco em Deus, meditação e um esforço constante para fazer o
correto.
As emoções negativas, medo (sem perigo real), avareza, ódio,
raiva, inveja, depressão, preocupação, têm reações físicas negativas até, com o
tempo, provocam doenças. Estar consciente dessas reações é um passo importante
no caminho espiritual, isto é, conhecer o que está bloqueando a visão de nossa
realidade divina é uma parte primordial no trabalho de remover esses obstáculos
que cobrem a conexão com nossa realidade, o corpo sutil, o coração, a alma.
Como a raiva, o ódio, a avareza e todas as outras emoções
negativas são sentidas? São prazerosas? Na realidade elas têm duas caras: são
como drogas, nos levam a outro estado de consciência, nos desconectam do
cérebro e do raciocínio, e pior, podem nos fazer cometer atos contraproducentes
e/ou atos destrutivos, estados em que cremos que estamos corretos, isto é, até
desfrutamos causar dano a nós e a outros – um estado de cegueira. As emoções
negativas reforçam o estado físico, reforçam o engano da materialidade e a
solidez do corpo, assim como a ideia de que somos o corpo.
Observar esse processo, a realidade do que está acontecendo,
conduz à sabedoria, o conhecimento das realidades desta vida.
Observar e sentir conscientemente as reações físicas do
corpo nos momentos em que surgem emoções negativas, automaticamente nos separa
delas a um grau e esse grau aumenta pouco a pouco com a prática até que
conseguimos o controle e as eliminamos por completo. Além do controle das
emoções, esta prática conduz à consciência mais forte do ser real, a alma, a
consciência de uma realidade, nossa realidade, um ser eterno habitando
temporalmente um corpo, um veículo, uma ferramenta e com isso a habilidade de
usar essa ferramenta para cumprir nossa missão na Terra – a de conhecer e
experimentar a Deus.
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