Por Sheik Mohammad Abdullah Ansari
Abu Bakr Al-Siddiq foi um personagem importante no Islã. Foi
um companheiro do Profeta e o primeiro dos 4 califas corretamente guiados
depois da morte do Profeta. O Profeta ensinou os métodos do Sufismo a duas
pessoas: Ali Bin Abi Talib e Abu Bakr. Enquanto a maioria das tariqas sufis se
originam de Ali, a tariqa Naqshbandi tem Abu Bakr como o primeiro de sua
linhagem. O que segue é um hadiz (tradição verídica) sobre Abu Bakr.
Uma vez o Profeta pediu que todos dessem o que pudessem para
um projeto de caridade. Omar Bin Al-Khattab, outro dos quatro companheiros do
Profeta mais importantes, tinha algo de dinheiro para oferecer e disse a si
mesmo: “Chegou o momento em que poderei ganhar de Abu Bakr”. E trouxe a metade
de todo o dinheiro que possuía. O Profeta lhe perguntou: “Quanto você guardou
para sua família?”. Omar respondeu: “uma parte igual”. Mais tarde, no dia em
que Abu Bakr chegou com tudo o que tinha e o Profeta lhe perguntou “quanto você
guardou para a sua família?”, Abu Bakr respondeu: “deixo para Allah e Seu
Mensageiro”. Diante disso, Omar comentou: “nunca mais vou tentar competir com
Abu Bakr quando o assunto for caridade”.
Não sugiro que você imite o Abu Bakr, muito embora ao dar
todo o seu dinheiro, Abu Bakr sempre terminou ganhando mais. O que acontecia? É
ciência!
O corpo humano, como expliquei em outros contextos, é um
condutor de energia. Temos o exemplo da bomba de uma casa que faz subir a água
para a caixa d’água no telhado. Mas, o que acontece quando a água não sobe? Por
que não sobe? É porque tem ar no cano e por isso não há fluxo. Se você colocar
água no cano ou tirar de outra forma o ar, a água enche o cano e tudo começa a
fluir. De fato você nem precisa da bomba. Uma vez que [a água] está fluindo se
cria uma sucção natural como podemos fazer ao chupar uma mangueira.
O corpo humano é similar. O corpo contém redes de energia.
Quando essa energia não flui bem, aparecem as doenças. Toda doença é o
resultado de bloqueios de energia e/ou desequilíbrios de energia no corpo. A
dor corporal resulta de uma concentração excessiva de energia em uma área do
corpo. Para eliminar a dor é necessário fazer com que a energia se mova de novo
reduzindo-a até seu nível adequado na área afetada, bem como restabelecendo o
equilíbrio energético no corpo inteiro.
Dar é similar. Quando você da, quer seja de forma material
ou emocional, até um sorriso, é como tirar obstáculos (o ar do cano) e você
cria uma sucção e fluxo natural. Quanto mais você da, mais você recebe. No Islã
a acumulação de riqueza excessiva é proibida. É como comer em excesso, o corpo
não pode digerir tudo o que comeu no tempo apropriado e o excesso apodrece no
estômago e nos intestinos e produz toxinas e doenças. Se você tem desejos
materiais em excesso e acumula demais sem compartilhar, são criados bloqueios
de energia positiva tanto no corpo físico quanto no corpo energético (o ser
real) e a energia se torna negativa causando danos importantes tanto para a
vida terrena quanto para a vida futura.
Tudo o que é material é uma manifestação de realidades
espirituais. A acumulação de bens materiais e de dinheiro são manifestações de
estancamentos de energia divina e bloqueios contra a entrada da guia divina. A
guia divina chega em uma forma não tão diferente que os cabos e/ou ondas que
trazem informação ao seu rádio ou televisão – energia. Se há um curto circuito
nas redes elétricas da sua casa, a energia da companhia de luz não chega. Você
fica na escuridão. É igual com o seu corpo físico e sutil.
O não dar e a acumulação de riqueza também são um ato de
medo, a fonte de todas as emoções e estados negativos na vida. Mesmo que você
precise ser prudente e prático, precise proteger a sua família e se preparar
para o inesperado, o excesso leva você espiritualmente à ruína, bem como a muitos
problemas na vida presente, inclusive enfermidades físicas e emocionais.
“Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e
transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que
medirdes também vos medirão de novo.” (Evangelho de Lucas 6:38)
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