Por Sheik Mohammad Abdullah Ansari
Todas as religiões contêm histórias/predições sobre a chegada do fim do mundo, um período longo de mal na Terra, seguido por uma guerra tremenda entre o bem, um salvador (Cristo ou Mahdi) e o mal, o Anticristo, o Dajjal (a versão islâmica do Anticristo) ou outro personagem dependendo da religião.
A história em todas as predições é muito similar com diferentes nomes e localizações. Hoje em dia as versões parecem histórias incríveis, impossíveis, mais que espantosas. Como é que todos esses/as profetas e sábios/as, pessoas em todas as partes do mundo viram, receberam revelações quase iguais, mas com imagens diferentes e como podemos conciliar nossa crença na sabedoria dessas pessoas com suas predições e imagens tão extraordinárias?
Voltaremos a este assunto, mas primeiro vamos falar sobre o fim do mundo. Todas essas revelações religiosas terminam com o fim do mundo. Temos a tendência de rejeitar essa ideia porque foi o lema dos gurus e grupos fanáticos: “Arrependam-se porque o fim se aproxima!”. Mas vamos olhar o assunto a partir de um ponto de vista lógico. O mundo, ou melhor, a vida na Terra começou com umas poucas pessoas, talvez duas. Com essa população pequena toda a natureza se manteve mais ou menos intacta. E com pouca gente não havia muitos conflitos – com exceção de Caim e Abel (o que pode ter sido um evento simbólico para nos ensinar a natureza do ser humano). Mas pouco a pouco o povo cresceu e começaram mais conflitos, por avareza (apego às coisas materiais), o ego, e diferenças de ideias. Em todas as partes do mundo uma energia profética entrou em certas pessoas sábias que ensinavam a forma de viver segundo as leis divinas (a ciência do universo). Eles ensinavam sistemas (religiões) tanto espirituais como sociais que uniram as pessoas e, por isso, existiram sociedades em paz por períodos de tempo. Mas ao profeta morrer, gradualmente, as pessoas retornavam para suas formas anteriores e vemos como a história do ser humano é uma história de guerras e conflitos salpicada com períodos curtos de calma.
Esse é o nosso mundo, mas agora a população cresceu, ao invés de alguns grupos de pessoas separadas por longas distâncias, agora existem milhares de pessoas enchendo o planeta e já não existe ideologias/religiões/filosofias unificadoras para acalmar as forças negativas e conflituosas das pessoas. Ao contrário, hoje em dia todo mundo tem ideias e metas diferentes e o materialismo substituiu ideias religiosas – inclusive a religião de hoje em dia é materialista.
O crescimento da população não vai parar. Cada coisa que fazemos afeta em certo grau ao planeta e natureza tem que fazer ajustes – vemos todo tipo de mudanças, climáticas e estruturais (terremotos, furacões, tsunamis, etc.). Com a tecnologia os conflitos entre países são cada vez mais destrutivos e envolvem cada vez mais pessoas. Sem religião real as sociedades estão caindo na desordem – o propósito principal da religião formal é manter a ordem na sociedade hoje em dia, inclusive as religiões estão desordenadas e cheias de conflitos entre si.
Então, você não precisa ter uma grande imaginação para predizer o que vai acontecer com o nosso mundo. As situações atuais vão continuar crescendo, não há jeito de deter essa tendência. O mundo vai chegar a um ponto crítico, um cenário como os livros sagrados e profetas pregaram, mas ao invés de cavalos e espadas, teremos aviões, mísseis, bombas nucleares e mais destruição. Entretanto, tudo vai acontecer gradualmente, mas provavelmente não durante nossa vida.
Tudo isso já aconteceu muitas vezes no passado. O Budismo diz que o universo se repete constantemente, um Big Bang após o outro. O Hinduísmo ensina que este mundo passa por ciclos, quatro ciclos, períodos de espiritualidade e tranquilidade seguidos por períodos cada vez mais agitados até o Kali Yuga, o ciclo final e o fim do mundo. Logo começa tudo de novo.
Tudo isso pode parecer uma forma negativa de pensar e muito pessimista, mas só se você não entende o propósito deste mundo, a Terra; se você pensa que este mundo e vida são a meta ao invés de uma estadia temporária, de passagem, uma escola para o desenvolvimento da alma. Para nós o caminho espiritual, trabalhar em nós mesmos, trabalhar para manter a conexão e uma relação com Deus e com o conhecimento de que viemos de outros lugares e vidas e vamos continuar a viagem depois da morte física; não devemos preocuparmos tanto das dificuldades atuais do mundo nem da destruição inevitável do mundo.
Agora, como é que pessoas tão próximas a Deus, sábios e profetas inigualáveis, tinham visões tão incríveis que para nós, pessoas modernas, parecem loucura?
Tem a ver com a maneira com que Deus, a Força Divina, nos comunica e a natureza do ser humano. Receber de Deus não é como escutar uma grande voz saindo de uma corneta gigantesca do céu. Com o trabalho em práticas espirituais o coração espiritual se limpa e um canal de guia se abre. Em uma pessoa que dominou seu ego a guia, o conhecimento, a sabedoria flui do coração ao cérebro. O cérebro, além de ser como um computador e arquivo de informação é também um tradutor de informação divina que provém do coração; bytes de energia. Sendo que o cérebro só sabe o que viu, ou seja, seu banco de imagens é limitado ao que viu no mundo material do seu tempo, a informação divina se revela em termos atuais. Por isso as imagens do livro do Apocalipse da Bíblia, as descrições do Profeta do Islã (a paz seja com ele) e de Hazrat Ali (as) do Dajjal e as batalhas contra ele, o Mahdi e Cristo, bem como também histórias similares dos Astecas, Maias e outros das Américas, são simbólicas de eventos que vão acontecer em um futuro não tão distante.
De qualquer maneira, todas essas histórias não afetam em nada o trabalho que temos que fazer. Algumas pessoas perdem muito tempo estudando e se preocupando com essas histórias que não nos incumbem. De que serve? Todo momento se preocupando com o que vai passar e com a forma que vai passar é tempo roubado do momento presente. Se trabalharmos para limpar nossos corações e lutarmos contra o ego, o canal de guia divina do coração se abrirá e o que necessitamos saber chegará.
O mundo vai terminar, mas nós não!
Viver o momento presente. Seria isso, Mestre?
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